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Évora: O que fazer em 1 dia, como chegar e onde comer

Praça do Giraldo, em Évora (Portugal)

Évora é a principal cidade da região do Alentejo, a porção de terra que separa Lisboa das belíssimas praias do Algarve, no extremo sul de Portugal. Uma pena que pouca gente desvie seu caminho da Autoestrada 2 para conhecer este pedaço do país pontilhado por cidades fortificadas e coberto por campos dourados sem fim, vinhedos e muita história. Entre elas se destaca Évora. Habitada desde tempos pré-históricos, nas suas redondezas ainda é possível visitar monumentos megalíticos. Sua importância seguiu durante o Império Romano, a ocupação moura e passou ao esplendor depois da reconquista da cidade pela coroa de Portugal, em 1165. A partir do reinado de D. João II, no século XVI, Évora foi favorecida pelos reis portugueses e tornou-se um dos mais importantes centros culturais e artísticos do reino. Você já deve estar imaginando que vale muito a pena passar um dia visitando um lugar assim. Vale e vamos dizer como chegar, o que fazer e onde comer!

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Mas, antes, a história segue. Com a elevação de Évora a segunda cidade mais importante do reino, famílias nobres instalaram-se na cidade e ergueram seus palácios. Por lá também passaram a viver poetas, escritores, pintores, escultores e toda sorte de artistas e eruditos. D. João III ordenou a construção da Igreja da Graça, belo templo renascentista onde planejava ser sepultado, e do Aqueduto da Água de Prata. Em 1550, o primeiro arcebispo da cidade, cardeal Infante D. Henrique, fundou a Universidade de Évora. Mas a época dourada chegou ao fim em 1580, quando Portugal foi anexado pela Espanha e a cidade perdeu sua proeminência junto à corte.

Outro golpe veio em 1759 , quando a expulsão dos jesuítas do país levou ao fechamento da prestigiada universidade. A instituição de ensino só foi reaberta dois séculos depois e ajudou a colocar Évora de volta no cenário nacional. Desde então, sua arquitetura que mais parece uma colcha de retalhos dos últimos 500 anos caiu no gosto dos turistas, que costumam dar as caras na cidade em passeios de bate-volta desde Lisboa. Mas Évora merece muito mais do que isso! Não é à toa que seu centro histórico foi declarada Patrimônio Mundial da Unesco.

É nesta parte da cidade que estão concentradas todas as atrações turísticas e por onde você pode fazer um delicioso passeio de ao menos um dia e uma noite todo a pé (tem um mapinha detalhado do roteiro lá no fim do texto). A começar pela imponente Sé. Consagrado em 1204, este templo erguido em granito mistura os estilos românico e gótico e lembra mais um castelo do que uma igreja. Já de cara, no portal de entrada, você vai se impressionar com as estátuas dos apóstolos, do século XIV. Por dentro, destaca-se a nave principal, com com cerca de 80 metros de comprimento (trata-se da maior catedral portuguesa).

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Foto: Ticiana Giehl e Marquinhos Pereira/Escolha Viajar

Não perca ainda a vista panorâmica do telhado, de onde se pode acompanhar de perto o conjunto de sinos dando as horas na torre sul. O claustro, de 1325, também é uma beleza. A Basílica Sé de Nossa Senhora da Assunção abre para visitação todos os dias, das 9h às 17h. A entrada na igreja custa 2 euros, igreja +  claustro são 2,50 e igreja + claustro + vista panorâmica, 3,50. Saindo da Sé e indo para o lado esquerdo, você vira na primeira à direita, primeira a esquerda e, em 3 minutos de caminhada, já vai avistar outra atração da cidade: o Templo Romano. Erguido no século II ou III, acredita-se que tenha sido dedicado à deusa da caça, Diana.

Logo em frente a ele está o Jardim de Diana, de onde se tem uma pequena vista da cidade. Cruzando por ele, você deve pegar a esquerda na Rua do Menino Jesus, entrar na primeira à esquerda (Rua de Dona Isabel), passar pelo Arco Romano de Dona Isabel e entrar novamente à esquerda, na Rua de Olivença. Siga até a próxima esquina e você avistará mais um vestígio de que Évora já foi uma cidade romana. Ali, o comércio local se desenvolveu em meio às ruínas dos antigos banhos romanos, formando um quadro bastante curioso. A essa altura do passeio, você já estará com fome.

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Então dobre à esquerda na Praça do Sertório, siga pela direita enquanto ela vira Travessa do Sertório, dobre a direita quando chegar à Rua Nova, à direita na Rua João de Deus, à esquerda na Rua do Imaginário, à direita na Rua de Santa Catharina, e à esquerda na Rua Gabriel Victor do Monte Pereira. Ufa, parece um looooooongo caminho mas foram apenas 5 minutos de caminhada pelas labirínticas ruelas medievais de Évora. Faz parte do charme do passeio. Logo ali, no número 21, você vai encontrar a Adega do Alentejano, uma taberna típica portuguesa com os melhores pratos da região e preços que passam longe da exploração turística. Bom almoço!

Foto: Ticiana Giehl e Marquinhos Pereira/Escolha Viajar

Satisfeita a fome, é hora de seguir o passeio por Évora. Saindo da Adega do Alentejano, vá para o lado esquerdo e siga até encontrar a Rua de São Domingos, onde deve entrar à direita. Logo em frente estará a Praça Joaquim Antônio de Aguiar. Cruze para o outro lado e siga até a esquina da Rua Cândido dos Reis, onde deve entrar à esquerda. Dali, é só seguir reto até chegar ao fim do centro histórico, em uma grande rotatória. Não se preocupe, pois são menos de 10 minutos de caminhada. Olhando para a sua direita, você verá, passando sobre a rodovia, o Aqueduto da Água de Prata. Esta monumental obra de engenharia, da qual hoje restam apenas 9 quilômetros, impressionou tanto na época de sua construção que é até citada em Os Lusíadas, de Camões.

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Feito o devido registro, volte até a rotatória de onde você veio e agora siga na direção contrária da do aqueduto. Andando pela rodovia IP 2 por mais 10 minutos, você chegará até os resquícios das muralhas de Évora. A cidade foi fortificada pela primeira vez ainda no Império Romano, mas nada daqueles muros sobreviveu até os nossos tempos. As fortificações que podem ser visitadas nos dias de hoje são do ano de 1640, quando D. João IV foi declarado rei, e protegeram Évora de inúmeros ataques espanhóis. Depois de uma rápida caminhada do lado de fora dos muros, é hora de voltar para dentro do centro histórico.

Pegue a direita na Rua de Serpa Pinto e siga caminhando reto ladeira acima por cerca de 5 minutos. Você vai sair na Praça do Giraldo, a principal e mais bonita da cidade. As arcadas que a circundam são resquícios da influência moura, enquanto a belíssima fonte de 1541 era abastecida pelo Aqueduto da Água de Prata. Na ponta esquerda está a Igreja de Santo Antão e, na direita, o prédio do Banco de Portugal. Pela lateral esquerda deste bonito edifício do século XIX, parte a Rua da República. Siga por ela até encontrar a esquina com a Praça 1º de Maio.

Foto: Ticiana Giehl e Marquinhos Pereira/Escolha Viajar

Entre à direita, e, novamente, à esquerda na frente da Igreja de São Francisco. Na porta lateral direita da igreja fica a entrada para a Capela dos Ossos, a atração mais inusitada e macabra de Évora. Logo sobre o pórtico de entrada, um aviso de causar arrepios na espinha: ‘Nós ossos que aqui estamos, pelos vosso esperamos’. Construída no século XVII, a capela abriga os restos mortais de nada menos do que 5 mil monges. Saindo da capela, volte pela Rua da República de onde você veio por uma quadra e entre à direita no Largo da Graça. Logo na próxima esquina você avistará a bela fachada renascentista da Igreja da Graça, aquela onde  D. João III queria ser sepultado.

Admire as figuras de atlantes esculpidas no século XVI, chamadas de ‘Meninos da Graça’ pelos locais. Seguindo o passeio, pegue a rua na lateral esquerda da igreja, a Travessa de Landim, e continue até ela dar na Rua dos Três Senhores, onde pegará a esquerda. Mais uma quadra e você sairá na Rua Miguel Bombarda, dobrando nela à direita. Em apenas mais três minutos, você estará no Largo da Porta da Moura, onde, antigamente, havia uma porta mourisca marcando a entrada da cidade (todos os nomes em Portugal são bastante óbvios, hehe).

A sua direita, há uma fonte que mais parece um globo futurista, mas que, na verdade, data de 1556. Nos históricos edifícios ao redor, é possível observar as arcadas características da arquitetura árabe. Pronto para a reta final do passeio? Da fonte, você estará vendo de novo a Sé, basta seguir em direção a ela pelas ruazinhas labirínticas. É uma caminhada de menos de 5 minutos ladeira acima. Uma vez novamente às portas da catedral, é hora de relaxar e se divertir na Rua 5 de Outubro, que é a que desce da igreja até voltar à Praça do Giraldo.

Foto: Ticiana Giehl e Marquinhos Pereira/Escolha Viajar

Nesta via estão concentradas lojas de souvenires, artesanato, vinho, padarias e os melhores restaurantes de Évora. Depois de passear e comprar suas lembrancinhas de viagem, sugerimos um deles para o jantar. É a deliciosa Tasca Tosca, que mistura comida de taverna com uma leitura mais contemporânea. Os preços não extorsivos, as mesinhas na calçada e a comida típica do Alentejo servida em fumegantes panelinhas de ferro são um convite irresistível.

Recomendamos a alheira com ovo estrelado e o bife à Tosca, servido na frigideira com molho especial. Peça vinho da casa para acompanhar e lamba os beiços. Depois de tanto bater perna, você estará exausto e pronto para descansar em uma boa cama de hotel. Recomendamos a simpática e acolhedora Terrace Guest House, que tem a melhor vista da Praça do Giraldo e diárias de apenas US$ 41. Se tiver mais um dia ou meio para passear pela região, sugerimos que vá a Monsaraz.


Évora – Como chegar

Évora está localizada no norte da região do Alentejo, apenas 135 quilômetros a leste de Lisboa e 225 quilômetros ao norte de Faro, a porta de entrada para as praias do Algarve. Se você estiver com um veículo alugado, é só setar Évora no GPS e aproveitar as excelentes estradas portuguesas. Esta é a melhor form de conhecer a região, já que você pode assim incluir no roteiro outras atrações próximas, como os vilarejos medievais de Monsaraz e Mourão, além de percorrer alguns sítios arquelógicos do circuíto de monolitos do Alentejo. Outra opção é contratar um tour que sai de Lisboa, passa o dia na cidade e retorna no fim da tarde (consulte seu hotel sobre opções para fazer este passeio). A terceira opção é chegar a Évora via transporte público, seja de ônibus ou de trem.

Foto: Ticiana Giehl e Marquinhos Pereira/Escolha Viajar

Vamos citar os preços e horário saindo apenas de Lisboa e Faro, que são as cidades que concentram a grande maioria dos turistas, mas você pode consultar outras localidades nos sites da Comboios de Portugal e da Rede Nacional de Expressos. Da capital, os ônibus saem da Estação Sete Rios, sendo que o primeiro carro inicia a viagem às 7h e o último volta às 21h. São 1h45 de estrada com passagens a partir de 11,90 euros. De Faro, só há três coletivos por dia, que partem às 8h15, 11h15 e 16h30. São 4h15 de estrada, com passagens a partir de 16,60 euros. Para fazer o caminho contrário, há ônibus partindo de Évora às 9h, 14h30 e 17h15. A estação rodoviária de Évora fica a apenas duas quadras das muralhas que citamos no texto, com fácil acesso a parte central e histórica da cidade.

Já os trens que partem de Lisboa tem saída tanto da Estação Oriente quanto da Sete Rios e começam as viagens às 7h, sendo que o último comboio retorna às 19h05. Os trajetos duram em média 1h30 e as passagens custam a partir de 7,50 euros. De Faro, partem apenas dois três por dia para Évora – às 7h e 15h05 – e há três que fazem o trajeto contrário – às 7h55, 9h05 e 16h55. As viagens de ida duram 3h30 e as de volta, 4h15 em média. As passagens custam a partir de 25,50 euros. A estação ferroviária de Évora fica um pouco mais distante, a 1,3 quilômetros de caminhada da Praça do Giraldo, também do lado de fora das muralhas. Se estiver carregando pouco peso, o trajeto pode ser completado em 15 minutos de caminhada ladeira acima. Se não, é melhor pegar um táxi até o centro histórico.

*** O Escolha Viajar esteve em Portugal em setembro/outubro de 2017 ***

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